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Como um surto psicótico me vi apaixonado por você, não podia acreditar.

Busquei dentro de minha própria essência a razão para tanto desejar.

Sem pensar fui me entregando, e quando me vi, já não me via.

O que dizer se o que foi dito me saia sem pensar, o meu coração a falar.

 

Palavras brotam, como se há muito desejassem brotar, e o tempo havia calado.

Não posso pensar no que me faz pensar, pois o meu pensar se perde e se encontra no seu olhar.

Busco nas palavras proferidas o que posso ser, mas o meu ser não sabe o que é ser.

Em terra arrida se fez semear, regando a cada dia, buscando as sementes que há muito guardava.

 

O tempo passa, mas ao passar aumenta o próprio tempo, me fazendo pensar no que devo pensar.

Como posso e devo dizer, o que bate tão forte que nem mesmo o meu pesar condiz.

Devo me alegrar, mas a distância me faz chorar e desejar perto estar.

Conto as horas, mas as horas me enganam, me sufocam, me espantam.

 

Como ir e voltar ao mesmo tempo fosse uma viajem que há muito tempo desejava.

Desejava, mas, recuava a cada passo, e retornava, e este infinito me desconcertava.

No ambíguo me das emoções me perdia, não sabia o que acontecia, queria sentir.

Noites em claro passei sem acreditar, buscando o que já tinha sem encontrar.

 

Mesmo buscando e encontrando, olhava incrédulo e ao mesmo tempo cético.

Sentimentos me atormentam, me fazem ir ao céu e ao mesmo tempo a terra.

Mais forte deve ser o que sinto, não o medo, mas a certeza de que existe.

Existe o que tanto busquei, e mesmo encontrando demoro a acreditar.

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