Hoje o poeta não tem nada a dizer ou sorver, fico apenas a digitar sem ao menos pensar.
Palavras, momentos, tempo, tudo sem sentido neste exato momento.
Assolado por sentimentos que há muito não sentia, me vejo a olhar o reflexo de um dia.
Olho o vazio que se aproxima, e como o vazio pode ser tão vazio?
Hoje o poeta não tem nada a dizer ou sorver, na inspiração se perdeu ao se mover.
O movimento que nos faz cair, levantar e caminhar, não é mais o movimento que o desfaz.
O sorriso o trai com uma máscara que se desfaz ao toque do rolar da primeira lágrima.
Sua força se esvai a mesma que outrora o refez, agora necessita renascer.
Hoje o poeta não tem nada a dizer ou sorver, pois não deseja escrever.
Em sua trilha busca o que todos buscam, mas as marcas ainda se fazem marcar.
Suas máscaras por terra se caem, e indefeso se sente, pois as máscaras escudos lhe serviam.
Mas o poeta se levanta, mais uma vez, na busca do que tanto sonha, viver.